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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Não abandone seu animal estimação

Seus bichos podem confiar em você, ou correm o risco de serem abandonados em algum momento?Nós acreditamos que os animais fazem parte da família e não devem ser deixados pra trás em nenhuma hipótese. Esse texto do Borges, o gato, fala sobre lealdade e abandono de um ponto de vista muito inusitado. Será que seus bichos pensam como ele? Leia este lindo texto e pense a respeito!
O berrô que deu a solidão
Fãs e novos leitores,
Outro dia, a caminho da veterinária, entre um miado e outro, passei em frente a uma casa velha com cheiro de solidão. Perguntei pra papai e mamãe o que era. Eles me explicaram que era um asilo, mas um asilo muito sombrio em que simplesmente os filhos abandonavam os pais e nunca mais voltavam para vê-los. Achei tão assustador que falei imediatamente para eles que jamais os abandonaria, mesmo que ficassem velhos e enrugados como uvas passas.
No caminho de volta pra casa, percebi que, como gato, envelheceria mais rápido que meus pais humanos e provavelmente morreria antes deles. Fiquei assustado novamente, só que desta vez por motivos inversos e pensei em gritar: “papai, mamãe, nunca me abandonem ainda que fique um velho decrépito”. Mas resolvi me calar, engolir o medo e sequer lhes dar esta ideia. Passei o resto da viagem brincando com o silêncio como se ele fosse um ratinho de pelúcia.
Aquela noite desceu do céu pesada como uma jaca que cai do pé. Me encolhi em minha caminha e demorei a pregar o olho, pensava cá com meus pelos abdominais: se já vivi na rua uma vez, por que não voltaria a ela? Se papai e mamãe mudassem de casa quem me garante que me levariam? Afinal, não dizem que gatos pertencem a casa? Neste momento, papai chegou perto de mim, me pegou no colo e disse: “filho, teremos que te colocar num asilo!” Acordei ofegante e foi só aí percebi que tinha sido um pesadelo.
O relógio marcava três horas da manhã quando, com meu cobertorzinho na boca, arranhei a porta do quarto do papai e da mamãe. Eles abriram. Eu disse: “posso dormir com vocês?” Fiquei o resto da noite entre eles, mas ainda assim ouvia os gritos da solidão que saíam daquela casa velha e suja que tinha sido construída na minha imaginação.

Hora do café da manhã
Quando acordei novamente, papai, mamãe e minha irmãzinha Christie já estavam na mesa tomando café. Peguei minha tijelinha de ração e fui me sentar com eles. A Christie fazia piadinhas chatas: “bebezinho que dorme com a mamãe, lero, lero” Mas meus pais estavam preocupados: “que está acontecendo contigo, Borginho?” Eu não consegui esconder. Contei toda a verdade, disse que temia que me abandonassem e que não queria voltar para as ruas. Todos se entreolharam, até a Christie ficou séria. De repente, juntos, como num passe de mágica, me abraçaram, todos ao mesmo tempo e disseram que jamais iriam me abandonar, pois éramos uma família de verdade. Naquele momento, eu que resolvi abandonar meus pesadelos e os gritos da casa velha.
Ass.: Borges, o gato
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